"Tira Pedra...Mete Cimento"

Foi nos Biscoitos que nasci e foi nas piscinas que desde cedo me habituei a banhar-me durante todos os verões.
Todos os anos vou lá e tenho um enorme prazer em afirmar que lá, na minha opinião, é o melhor sitio para ir a banhos. Todos os anos ocorrem mudanças, mas este ano decidiram reciclar as piscinas. Um amigo meu avisou-me que estavam a fazer obras, fui ver com os meus olhos e deparei-me com uma “fuga de pedras” do mar e cimento do chão todo picado. Decidiram-se pela brilhante ideia do “tira pedra e mete cimento”. Aquelas pedras serviam como casa a espécies marinhas, serviam para as crianças brincarem, … Embora sejam apenas pedras, faziam parte da paisagem natural das próprias piscinas. É pena que algumas pessoas, mais finas e refinadas com certeza, não gostem de pequenos arranhões que afectam o seu corpo, mas temos praias de areia na ilha e lá não se arranhariam! Aposto que só não cimentaram as praias porque ainda não lhes ocorreu! Porque eu também detesto levar com areia nos olhos e tê-la no corpo durante uma tarde de banhos. Depois, alguém teve a excelente ideia de substituir o chão já existente por cimento novo, tão bom, mas tão bom que até já tem fissuras, é que o antigo estava tão mau que era liso e regular! É uma altura de cimento impressionante. Taparam pedras com cimento e acrescentaram locais para se colocarem toalhas. Isto sim, é preservar a paisagem e aquilo que a natureza nos concedeu. Por quanto mais tempo isto irá continuar? Não se percebe o porquê, daquilo que estão a fazer. Mas pensemos positivamente, as senhoras (es) todas “chiques” já não se magoam em algumas zonas…Até já me esquecia que à entrada das piscinas, o chão de pedra irá ser substituído por alguns lindos azulejos negros. Não seria melhor colocarem carpetes? Há coisas fantásticas não há?
Espero que pensem bem naquilo que estão a fazer e no que fizeram e que daqui a uns anos tenhamos ainda piscinas naturais e não piscinas de cimento.
A falta de pensamento, de acção e a falta de paixão leva a actos incompreensíveis dos políticos.

@Miguel Batista (Artigo Opinião, Diário Insular,29/05/2009)